É uma fase de transição. Clara, clarinha, como dão a teoria na escola de enfermagem.

"Ah e tal, segundo a Sra Dona Meleis as pessoas, num é? , quando passam de uma fase para outra sofrem uma transição e com ela vem aquele período de adaptação às coisas." É mais ou menos isto.

Estes três meses (Junho, Julho, Agosto) não são nada mais do que isso. São o tempo em que se dá a transição aluno-estagiário.
Vão-se acabar os dias sentados nos bancos e apanhar sol e chuva, as mil refeições por dia porque um estudante precisa de glicose no cérebro para pensar bem, vai-se acabar tudo isso e o resto que eu não me lembro, pormenores, mas que me vão fazer diferença.

Daqui a três meses vou ter de escolher roupa para vestir todos os dias, vou ter de estar activa umas 18h por dia, vou ter pessoas para enfiar agulhas e vou ter de estudar tudo o que não sei, porque tive dois anos maravilhosos a fazer tudo o que não chega a ideia do menino Jesus e dos amigos dele.

Não sei como será ao certo, porque nunca vivi, mas se calhar em Setembro estou sentada numa esplanada com as costas muito direitas a ler o jornal  e a falar de coisas de gente grande. "Hoje tive um doente com isto e aquilo (...), tenho de ir para casa fazer coisas de gente grande porque amanhã faço manhã, blablabla nhanhanha turututu".

E é assim, que se sente a vida como nós gostamos dela a escorrer-nos por entre as mãos. Transições.